Ilustração: Ana Goodson |
Quem assistiu (e quem não assistiu) o debate entre os presidenciáveis na última noite já deve saber do que estou falando, quando questionado sobre a união de casais do mesmo sexo, o candidato Levy Fidelix fez uma série de comentários extremamente infelizes.
“Dois iguais não fazem filho”, “aparelho excretor não reproduz”, “vamos enfrentar essa minoria”, foram alguns dos absurdos ditos em alto e bom som em rede nacional.
As redes sociais se dividiram, entre os que apoiaram Fidelix por “expor o que realmente pensa” e os que se indignaram com sua postura agressiva e homofóbica. A hashtag “LevyVocêÉNojento” foi compartilhada mais de 7 mil vezes no twitter, enquanto do outro lado, o Pastor Silas Malafaia (como sempre) foi só elogios (jura?!).
Apesar de não estar entre os favoritos e ser motivo de piada entre a maioria dos eleitores, o discurso cheio de ódio do candidato, acompanhado pelos risos da platéia, só escancara o que os noticiários apontam dia após dia: a violência gratuita com que a comunidade LGBT tem que lidar.
Então Levy (infelizmente) continua seu raciocínio medieval:
“Pessoas que têm esses problemas precisam ser atendidos por ajuda psicológica. E bem longe da gente, porque aqui não dá.”
Dois de setembro de 2014 “Jovem de 19 anos é espancado na rua”. Vinte de setembro de 2014 “Jovem é agredido em ritual de purificação”. Vinte e seis de setembro de 2014 “Jovem é espancado por três homens”. Ao olharmos as manchetes, a notícia parece ser a mesma: jovem, gay, espancado covardemente por uma ou mais pessoas.
E então eu te pergunto, quem é que realmente tem problemas? Quem é que realmente precisa de ajuda psicológica? Você não é gay? Ótimo, mas seu vizinho é, a sobrinha da sua esposa é e deixa eu te contar uma coisa que acho que você ainda não percebeu: eles são gente, viu? Gente assim como a gente, carne, osso, sentem dor e desejo.
E não, o seu colega de trabalho gay não vai dar em cima de você, e não, a amiga da sua filha lésbica não vai fazer sua filha gostar de meninas, homossexualidade não é doença, muito menos contagiosa, já o ódio é uma doença grave onde o único tratamento é a cadeia.
A pergunta é bem simples, como você se sentiria se tivesse que ter medo de sair nas ruas por amar alguém? Medo que qualquer pessoa possa aparecer e te espancar simplesmente porque você é você. Como você se sentiria se tivesse que ouvir o tempo todo pra ser um pouco menos quem você é? Para não dar as mãos para o seu namorado ou namorada?
Antes de ser heterossexual, homossexual ou o que for, somos todos humanos, temos direitos. Quantos mais vão precisar ser espancados ou mortos para que discursos como o da noite passada sejam considerados crime?
O Na Garupa da Vespa acha justa toda forma de amor e não vai tolerar nenhum tipo de ódio ou violência. Quanto ao Levy: Moço, você é homofóbico!
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